...como pude eu acreditar que te poderia ter só para mim
perpetuado num abraço
trocas íntimas de carícias a demarcarem a noite
noites dias intemporais
contigo em mim
eu em ti
promessas de ilusões
esfínges de outrora que me rasgam a pele
torturam as escaras da morte em amores que jazem na roleta da sorte
qual recanto enamorado em imaginações de adolescentes a acreditarem na vida
e no amor
...quebraram-se os corpos em jazigos cá dentro
a soluçarem na rouquidão da palavra
odores em toques a queimarem a pele
sílabas soltas em frases feitas a gelarem-me os sentidos
já não sinto
não quero mais sentir
sentir-te
assim
numa dor sem fim de horrores onde fui feliz
nas projecções de um dia
talvez um dia
sermos
somos seres invisíveis intocáveis ao olhar
incalculáveis quedas da ribalta em altares despidos do nada
ocos trespasses de fala
falas
a definharem nos minutos em sangue nas linhas da minha mão
e tu
tu caminhas pedante
e eu
eu caminho errante nas risadas de estradas que fazem o caminho
de horrores clamores ditos amores
desfeitos
enleites de venturas
ternuras
seriam um dia
talvez um dia
a colheres os frutos da agonia
às escaras da sorte
consorte de morte a flutuar de recantos inóspitos nevoeiros
...como pude eu acreditar que te poderia ter só para mim
nas projecções de um dia
talvez um dia
sermos.