Saturday, December 31, 2011

...can you promisse?



...quando eu fechar os olhos e sorrir com a luz dos teus
Promete aconchegares o meu corpo de criança nos teus braços

...quando eu te fizer sentir que o momento é eterno
Promete olhares para o céu e escolheres a estrela que de entre todas brilha mais forte

...quando te sentires perdido
promete que trarás para dentro de ti o dia e a noite o luar e o pôr do sol
e todas as notas que cantámos a dois envolvidos pelo horizonte da derradeira emoção

Os passos
os meus passos a despenharem-se no abismo do teu peito voraz na calma da certeza
eternos são os olhares o não-dito silêncios que sabemos de cor na paleta dos dias passados nas horas mortas de encostas a erguerem-se na sombra das dúvidas desfeitas por um sorriso
e o sussurar lembras-te...
o toque em dois abraços desmedidos de até já
até já

...as palavras letras soltas do alfabeto em divagações na pernoita insónias descoloridas que desconhecias em mim no encanto de quereres que dormisse em sonhos
nos teus sonhos
e eu
eu a traçar o rumo dos rumores cá dentro a rasgarem-me as entranhas pelo medo de ser mais um dia
sem ser

Mas hoje
só hoje
apenas hoje
promete que serás o sorriso calcado dos meus passos
e o choro da minha agonia
e o sonho das gentes intrépidas que vagueiam na rua sem saberem
de nada
a definharem na falsidade da palavra que um dia também eu disse
eu disse em vão
na esperança da dignidade do eterno adeus

...mas hoje
só hoje
apenas hoje
quando eu fechar os olhos e sorrir com a luz dos teus
promete aconchegares o meu corpo de criança nos teus braços.

Tuesday, December 20, 2011

...the night shift



...fecho os olhos e as nuvens em mutação como estrelas cadentes a clamar em vão a chuva o frio a ilusão de sermos mais um dia na escuridão do deserto de folhas secas caídas no tecto da memória

...embalo os sonhos como inquebráveis eternos abraços em sussuros que esperam
insanes são as horas que correm à pressa pelas trilhas do metro apinhado de gente
nos segundos que não se contam pelos dedos das mãos cá dentro a espalmar a fuga do invertebrado fantoche que bate acelerado descompassado em gargalhadas loucas à preocupação

Brincadeiras de cagra cega em cartazes nas montras apregoam saldos à vida
águas que não matam a sede em copos meio vazios
cheios
entornados nas fugazes rusgas do ser

Tocam os sinos e invertem a marcha nos passos esquecidos como toques na palma das mãos a derramar clamores no olhar
olhares
que se tocam indecentemente a invadir os sentidos
paro
páras
sorrio
choras
saio
demoras
demoras-te no tempo que só o tempo tem
sem saber
sem saberes
que o amor é um requício de alguém
dentro de nós.

...abro os olhos
embalo os sonhos como inquebráveis eternos abraços em sussuros que esperam.


Thursday, December 08, 2011

Sombrias Miragens - "o livro perdido na estante"

...e passa a palavra deixando aqui uma sugestão (para o Natal e não só) apesar de não recomendar com risco de perderem a sanidade mental.


Se quiserem comprar a coisa estejam à vontade mas informo desde já que não me responsabilizo por danos possivelmente causados...ah, e irreversíveis!

Para terminar e responder a muitas dúvidas, questões e afins, sim só me falta um filho para cumprir a velha máxima: "Na vida tens que plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho" (mais ou menos isto)

Resumindo, é meu, fui eu que escrevi e é assim uma espécie de compilação dos muitos esboços (como carinhosamente lhes chamo) que vão desde 1999 até 2010 arrumados no baú das recordações a que chamamos sotão das memórias.

Aqui está o meu menino:




O prefácio é de Fernando Ribeiro (que acedeu ao meu request e ao qual, após 1 ano, volto a agradecer por todo o carinho e apoio) e diz assim:


"Escrever poesia como quem escreve um livro de memórias.


Memórias sombrias porque as sombras nascem da mortalidade da luz e do negro. As sombras são a vida que nasce da luz reflectida pela escuridão ou na escuridão. Um palco com panos pretos, fazendo a moldura das altas luzes.

Miragens porque vivemos na incerteza das nossas memórias e por isso as documentamos como podemos. Na cabeça, em tinta na pele, em filmes, em discos, em quadros. E em livros.


São estas memórias, estes apelos, estas molduras de nuvens negras, brancas e cinzentas que aqui encontramos, na linguagem simples de quem escrever poesia e comunicá-la connosco, que abrimos os livros “por um qualquer motivo”.

Fernando Ribeiro, Inverno de 2010"


...e mais não digo.