Sunday, September 25, 2011

...os dias



a cada dia que passa morro mais um pouco
e mais um pouco a cada segundo
perco o rumo no fio de prumo da vida
quando quebras num olhar a doce tertúlia que é a nossa história

a cada dia perco
perco-me
te
mais um pouco
por amor
cercada na penumbra do meu teu nosso leito
enfeites fúnebres de encantamentos em sorrisos de enlaçes

a cada dia que passa
são segundos na palma da minha mão
a contar a tinta dos dias
rabiscos em rascunhos de loucuras matizadas de cor
a morte a vaguear por entre os becos da memória
mais um dia
a menos
e menos um
a mais
a cada dia que passa os minutos páram
e o tempo dos outros tempos jamais será o mesmo.

Monday, September 19, 2011

...cARTa...



...a estrada no caminho apedrejado de nós
dos nossos feitos rarefeitos dissolvidos no ar que respiram
respiraram nas atrocidades da palavra

...a noite ao luar no espelho que reflecte a tua imagem
e a minha
nas linhas paralelas do caderno de linhas que guardámos na arca a cadeado fechada
enterrámos em mil léguas nos sonhos que ditámos de sermos felizes
rasgámos a tela coberta pela moldura renegada naquele antro obscuro a que chamámos
coração

...finda agora a minha oração de termos o sonho a vida e a razão
e com a borracha da intempérie dos dias na mesa da escola em sotãos desapegados
folheias os rasgos de cor tingidos na pele.

Sunday, September 11, 2011

...(black)OUT


...as sombras nas mãos a vaguear a intempérie que te ensina a caminhar
a passos largos saltos entre pés ancorados ao vento
no mar dos teus olhos desfeitos pelo nevoeiro dos meus
memórias vãs de tempos vividos entre um abraço e o outro
ao toque doridos dos sonhos dos dias pela noite dentro sem fim nas luzes que se apagam
vem silenciosamente nos passos dos teus passos
em enlaçes de cores caiadas no negro do branco da lembrança
vem em fugas de insensíveis espaços
rondando as trevas do veludo negro que te vela a cor de seres mais um dia
tens
a vida o amor a bruma nas folhas de licores em romarias
a paz a tela em traços de tinta a escorrer nas palavras ditas na escrita que se velou em pranto
selados estão os encantos...

...vim ver-te nos desenganos
dar-te mais um ano (quem sabe)
esperar-te como quem espera a bica no café da esquina
como quem não espera porque a espera se fez em demora e sai porta fora
sem perdão nem sermão...

...serenatas em acordes de fá
fados fadios pelas ruas de fel
memórias vãs de tempos vividos entre um abraço e o outro.