Saturday, July 26, 1980

...confession



...e o negro cobriu a face imaculada em lágrimas de vida
as luzes no olhar embaciado na fronteira do que está escrito no livro amarelo das recordações
caminhos traçados ao ritmo da solidão em tangos de perfeita sintonia
palavras soltas e o derramar da perfeição no copo vazio errante pousado em cima da velha poltrona de fios emaranhados
os pecados fazem-se tarde na boca que grita no silêncio da noite em mudos gestos de crepitares fugazes lá fora
abandono como seitas esquecidas no pó dos dias imaculados de encanto
perfeitos eram os sonhos
e as letras soltas do alfabeto
e as ruas apinhadas de gente retocadas pelos sorrisos da cinza na pele
voluptias de calor na verdade dos sentimentos
a caminharem nas ruas de sentido único obrigatório
e os semáforos vermelhos a soluçarem de morte...

...os desenhos que fizeste na tranquilidade da certeza infame de que o erro se fazia tarde em longos anos de miragens como sombras na parede em brincadeiras de crianças na liberdade das asas do anjo que bateu à porta duas vezes
ressonâncias descompassadas reflectidas no quarto escuro
10 9 8 7... escondo-me para me encontrares
6 5 4 3... tão certo como o amor existir
2 1... zero

...viagens stop velocidades ultrapassadas no fim da rua há cruzamentos
e os sonhos saltam à corda nos abraços que perdeste

10 9 8 7...xeque-mate nas escolhas
6 5 4... tão certo como o amor não existir em ruas pedantes nos vultos em solitários tabuleiros de xadrez
3 2 1... zero

...e o negro cobriu a face imaculada em lágrimas de vazio.