Monday, June 30, 2014

.som.

©photo: Rui Palha

.escuta
o silêncio
onde te guardo
em mim
onde te trago
enclausurado em gritos imundos
de ti
mas
escuta
o silêncio
feito reticências
de parágrafos suspensos
os sorrisos
e a porta que range
aberta
são rascunhos de tinta permanente
que me cerca
em leituras de voz alta
ecoam espaços
entre passos
descompassos
foram fracos cadeados
em explosões d'embaraços

.escuta
o silêncio
onde te trago em mim
parou
os segundos no relógio
de pulso
que desfalece
tonturas
de loucuras d'abril
mas
esquece
o ar pesado lá fora
em nuvens violetas em flor
cantam as bodas de Fígaro
à tua passagem

.e na calada da noite
onde o silêncio jamais cabe
rugem portas entreabertas
como braços que recolhem
corpos idos do amanhecer.


Wednesday, June 11, 2014

.solúvel.



.correm andantes caminhantes
perdidos que vagueiam
alternes de questões embaraçadas ao vento

.quedam mudos
escolhas
que ferem erguem
frágeis acenos rua fora
seguem
faces que vêem
não vêem
escadas estranhas caídas
muralhas como
cadeados abertos à espera
da chuva que tolhe
rubros enlaces

.foram noites dias sábias
palavras tropeçam beijos
acesos na bruma que cerca
entre toques calores de ocasião
embrulhos de oferta sem dono

.correm andantes perdidos
vagas
alternes
a despeito em olhares de rubro deleite

.correm vultos
acodem
erguem acenos
serenos
abraços
estilhaços que fogem no encantamento
do sim
como sinais que se colhem
ao longe

.o mar
e tu
tombaste no caminho
meu
foste sereno encantamento
que não se
não sonha
vidas cruzadas
perplexas
em notas sustenidas ao luar
como
faces que vêem
não vêem
vêm

faces que te olham
corrompidas pela memória
não vêem
não.