Tuesday, July 31, 2012

(Tr)ause(u)nte


Nas algibeiras um pedaço de gelo queima as certezas na contradição da incerteza teimosa
ímpeto voraz
equilíbrio em contra-sensos a abrandar a cor de medos crueis
irracionais ilusões como fantasmas em orquestras concertadas tocam óperas desafinadas a crescerem nos recantos da imaginação a ser real

...pinto o céu de azul noites em chamas ao acordar
despertam os sinos quebrados pelo mofo da imensidão em anjos caídos
choram as lágrimas no peito castradas em sorrisos
tatuadas a preto e branco
cinzas da escória subalterna a agitar cartazes de poder
olhares que pedem sem querer
vis de tão puros de inocências

...e em gritos de palavras cantadas em uníssono
calam as vozes da revolta oca de ser em resignação
mais um
uma morte a ser
assim a morrer aos bocadinhos
a viver
embrião a ousar embalar a chuva que lá fora cai
cá dentro
a morrer aos bocadinhos
assim num dia como o outro e no outro
mais um traço nas linhas da mão
paixão de mortes em palco sussuram subterfúgios
como algibeiras em gelo queimam fantasmas nos becos pútridos deambulantes a errar certezas.

Thursday, July 19, 2012

...(re)tired


...cansaço de ser
contra marés na fé de alcançar
anulações em sonhos flutuam na areia a trespassarem corações apinhados de correntes a cercarem o dito o não dito em dizeres que se prendem acobardados nas conchas assimétricas a que chamam ser
incólumes presenças a desfazerem-se frágeis em perdidos e achados na liberdade dos dias
tonturas em pernoitas audazes
guerras incapazes de serem o chão que toco a sentir que a ilusão é um papel pardo que rasguei entorpecida vida afora na demora de não ter
ignorantes palavras por dizer
escapes da memória a clamar perdão
em tempos de chuvas a tropeçarem no clarão da noite
das minhas noites
em branco
desencantos em fúrias contidas
orgulhos a cantarem o fado em dias cinzentos de corpos suados suaves em carícias são um
momento
e temo
temo como temia em tempos sem temor por o dia do acordar enlameado em lágrimas de agonia
mas temo
como já não temia paralisarem-se-me os membros a quererem ser limbos de ázimo dançante
e sei
que sabia que não serias assim um pedaço de vento jogado ao logro da intempérie
mas sabia
que um dia
numa noite de ruptura auspiciosas sensações de loucura assombrariam o caudal dos rios
faz frio assim
em braços enlaçados nas memórias
de sangue derramado como glórias de sem fim a baterem promessas ao peito
está frio lá fora
e temo
mas sabia que um dia o cansaço me enlouqueceria
como tonturas em pernoitas audazes
está frio
nos teus braços de suspiros como abraços falsificados a fugirem do medo
a ser
cansaço.

Monday, July 16, 2012

...acontec(eu)



...colho as chuvas ávidas de escansões a correr de medo nas fúrias andantes
fantoches de acesos dramas contingentes aos dias viscerais da razão
razões onde tropeçamos
caimos em vão a calar fugas
encontros frágeis a entrarem de rompante na cela de húmus onde te cercaste de poder
vil saber amargo cravado no peito

...e seguem
seguem-te na tontura desconcertante da musa encantada a sorrir venenos trôpegos da fala
mas seguem
seguem-se às noites mal dormidas de loucuras trespassadas cravadas nas cinzas do ontem
mas foi
foi assim
mas assim se foi a saltitar de poente em poente manchas negras de gritos à flor da pele
a ser
séculos a serem despedaçados ao vento à espera
espera
encontros vulgares a serem
são
firmes lâminas afiadas a rugirem a despeito cá dentro
em ecos
incertos a serem
loucos tropeços galantes de ternuras em beijos fugazes que foram
foi assim
assim no ir a desandar em Si como lágrimas de Dós a implorarem silêncios a quererem ser
dramas contingentes aos dias viscerais da razão
sem ser
quando não eramos
a acreditar em sonhos frágeis sentidos
vil sabor amargo cravado no peito
a rir
gargalhadas em eco a cair caiem em eco
insanes palavras a sentirem o chão
como são cobardes os sentidos a quererem ser crianças grandes em baloiços despreocupadas
mas são
e são assim

...firmes lâminas afiadas a rugirem a despeito cá dentro

foi assim.