...cansaço de ser
contra marés na fé de alcançar
anulações em sonhos flutuam na areia a trespassarem corações apinhados de correntes a cercarem o dito o não dito em dizeres que se prendem acobardados nas conchas assimétricas a que chamam ser
incólumes presenças a desfazerem-se frágeis em perdidos e achados na liberdade dos dias
tonturas em pernoitas audazes
guerras incapazes de serem o chão que toco a sentir que a ilusão é um papel pardo que rasguei entorpecida vida afora na demora de não ter
ignorantes palavras por dizer
escapes da memória a clamar perdão
em tempos de chuvas a tropeçarem no clarão da noite
das minhas noites
em branco
desencantos em fúrias contidas
orgulhos a cantarem o fado em dias cinzentos de corpos suados suaves em carícias são um
momento
e temo
temo como temia em tempos sem temor por o dia do acordar enlameado em lágrimas de agonia
mas temo
como já não temia paralisarem-se-me os membros a quererem ser limbos de ázimo dançante
e sei
que sabia que não serias assim um pedaço de vento jogado ao logro da intempérie
mas sabia
que um dia
numa noite de ruptura auspiciosas sensações de loucura assombrariam o caudal dos rios
faz frio assim
em braços enlaçados nas memórias
de sangue derramado como glórias de sem fim a baterem promessas ao peito
está frio lá fora
e temo
mas sabia que um dia o cansaço me enlouqueceria
como tonturas em pernoitas audazes
está frio
nos teus braços de suspiros como abraços falsificados a fugirem do medo
a ser
cansaço.
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