Wednesday, January 25, 2012

...sand marks



as migalhas perdidas no chão de pedra a fazerem-se caminho por entre as sombras pedantes a atravessarem os trilhos nas palavras ditas em cárceres de imaginações ocas a preencherem os espaços vazios ecos de vozes distantes

...acreditei
faz tempo que acreditei
disse-te ao entardecer as promessas que desfiz
por ti enquanto corrias ao longe cada vez mais perto a fazeres-te cumplicidade de ironias
...acreditei
a tropeçar nas pedras do caminho que ias deixando a pairar em mim
dentro de mim
a imaginar ondas de calor entre nós
encontrei
a razão que me trouxe a ti
até aqui
sem ti
a cair aos pedaços desvanecendo o negro onde habitas

...sei
eu sei meu amor
que em dias de torpor e ventos sombrios
a espera é coisa derradeira e atroz
...sei
eu sei que dei demais fui demais quis ser ainda mais
a imaginar o livro dos nossos dias tingido com as cores do arco-íris
eu e tu
nós
sem estarmos sós nesta imensidão que é o mundo
tão pequeno
rasguei o hábito e a toga ao vento
a fúria aos olhos egoístas reflectidos nas ondas do mar
em múrmurios onde me perdeste
te perdi
a ti e outros tantos
a contar migalhas na palma das mãos
como pedintes nas ruas desertas
pombos famintos de louvor em gritos de tonturas inalcançáveis

...sei
eu sei meu amor
faz tempo que acreditei

...disse-te ao entardecer as promessas que desfiz
por ti enquanto corrias ao longe cada vez mais perto a fazeres-te cumplicidade de ironias.


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