há subúrbios decadentes onde te escondes
a correr atrás do inimigo
passadeiras estáticas a trazerem-te ao ponto de partida
iludido pela razão
dás a mão sem escolha
tiveste
chão
em palavras mansas enternecidas
embrulhaste doces roubados
na esquina perpetrada pela luz dos dias
trancado a sete chaves sorriste
levianas tentações
enganos ao desbarato
feitos espinhos
rosas escarlate
em suspiros de alecrim
tatuados na pele tépida que abraças
há subúrbios gemidos de ti
encerrados a cadeado
perdem os dias
soluçam perdão
como lacaios súbditos que s'arrastam
p'la cidade neutra em cor
sem cor
sons trepidantes em tonturas
vertigens de ti esbarram em muralhas
pedra a pedra desconstróis o túmulo
jazigos de outrora encerram orgulhos
do que foste
e subiste ao cume mais alto da cidade
onde o vazio te invade
mais uma vez
e outra
talvez hoje
amanhã
talvez depois
peças
perdão
mas hoje não
há subúrbios decadentes onde te escondes.