Thursday, October 16, 2014

.per.te(n)cer.

©Peter Nestler


e sou pela liberdade
a incessante ilusão do primeiro mundo
terceiro som inaudível da ilusão
e sou pela liberdade
encarcerada jaz dormente
cunhas de milenares paixões
em saltos de invernos caídos
imersos na lívida sensação
de estar
estás
ali algures na pétala caída
folha outonal perpetuada na tua glória
e apregoas tentações
desacreditadas no dia a dia fundido de maleitas
que tais brutais pontuações
em jogos e cantigas de amigo
um
dois
volta e meia cai
três quatro
lê a fuga do chão
a porta no chão
 encerrada
perda de luzes acesas noites por apagar
apaga os vultos da lembrança
longas conversas de luares inauditos
erguidos reis e rainhas

e sou pela liberdade
porque piso este chão encerado
de madeira pinho raro da Patagónia eleita
e ergo o estandarte do não ser
a ser por completo
poema por terminar
como prosa que se assemelhe a
música galgada de espanto
notas a contra senso
contrabaixos ecos
ecos...

e sou pela liberdade
do senso comum que não existe
existe por aí e talvez aqui
em cartas escritas
sem selo
de colecção
e sou pela liberdade
como gota a gota flamejante
tropeça no vão derrame de
verborreia dos sentidos
mas
tu és pela liberdade
e cantas ao acordar
histórias de adormecer
embalas sentidos
promessas feitas
noves fora
tudo
mas sou
somos
fomos
liberdade
somos
chão de notas outonais
folhas cadentes invernais
a gritar glória a vós
risos discretos na foz
calibrada em modo platina
medalhas em pódios vazios
na cidade
a incessante ilusão do primeiro mundo.


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