©photo: Rui Palha
.escuta
o silêncio
onde te guardo
em mim
onde te trago
enclausurado em gritos imundos
de ti
mas
escuta
o silêncio
feito reticências
de parágrafos suspensos
os sorrisos
e a porta que range
aberta
são rascunhos de tinta permanente
que me cerca
em leituras de voz alta
ecoam espaços
entre passos
descompassos
foram fracos cadeados
em explosões d'embaraços
.escuta
o silêncio
onde te trago em mim
parou
os segundos no relógio
de pulso
que desfalece
tonturas
de loucuras d'abril
mas
esquece
o ar pesado lá fora
em nuvens violetas em flor
cantam as bodas de Fígaro
à tua passagem
.e na calada da noite
onde o silêncio jamais cabe
rugem portas entreabertas
como braços que recolhem
corpos idos do amanhecer.