...à noite quando o relógio canta de mansinho e eu
a correr cá dentro nos ponteiros embasbacados pelo negro da sorte em fragilidades ténues de sussuros...
....sempre tive medo do escuro
dos fantasmas e das ilusões
dos punhais afiados nas mãos dos traidores a abraçarem causas maiores em nome do amor
mas
à noite
os fantasmas caem no chão quente da glória dos actos cá dentro a implorarem descanso
e canso-me de ser
fugas vespertinas a pararem no tempo fustigados pelo vento lá fora a assobiar cantigas de embalar que fecham as portas à memória dos dias em que te vi
via a passar para ficar
ficares dentro de mim
ao toque em segundos de sensações de completude a serem escravas da distância
vulgares palavras prepotentes a ousarem empunhar espadas em cavalos de tróia desconfiados a enganarem a lucidez
da noite...
....e canso-me de ser
assim objecto de batalhas perdidas a reinarem indecentes funestas vitórias
assim joguete inglório do sistema de luzes a contra-tempo
palcos delapidados por sorrisos
aplausos sombras em carne a arderem nos recantos das histórias
e dentro de mim
apenas sei
sei apenas uma palavra a ressoar nas escutas às escuras dos ecos da tua mente
que não sei
o rumo dos caminhos errantes nos empedrados das cidades a rugirem ao luar
e nas palavras entorpecidas pelo cansaço
apenas sei que
...sempre tive medo do escuro.
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