esqueceste-te
que os dias são
devagar
em ti
passam no vagar
das horas
contadas em segundos
ecos
gestos de afazeres ditos
rotinas de automáticas castrações
do tempo.
esqueceste-te
que os dias vêm
devagar
contigo
e nos segundos que separam
a noite do dia
guardas o grito mudo do sim
amanhã dois
minutos param
sustem
te
o tempo
e a respiração:
- os dias vêm para te ver passar
guardam ilusões no peito
e chuvas mornas de alecrim
doces tentações de volta e meia
três centavos a rodada
fica
mais uma
palavra que não se diz
diz-se que o teu sol é louco
e a noite teus abraços
mas esqueceste
o vagar dos dias suspensos
na bruma que te envolve
ternuras de cores mil
tatuadas no peito
de ti
em ti
no peito
és tu
no vagar dos dias
tu
a tombar devagar
ternuras mil
desenhadas ao pôr do sol
minutos segundos
são
devagar.
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