vem devagar
no teu sonho consumido
cinza pó mate rasteiro
guardado d'outros dias
Vem suavemente
suspirar canções de mitos d'outrora
caminhantes de mãos dadas
cruzam lugares que são ontem
mas não venhas tarde
as demoras que foram não ocupam espaço
o vento muda e ergue-se na bruma
dias que entardecem e esquecem
vem
mas sem demora
devagar nos teus passos
enquanto a espera se desvanece
dobra a esquina e desaparece
em horizontes de memórias que se esquecem
vem mas vem devagar
nos dias trôpegos sonâmbulos
porque amanhã foi tarde
e hoje vou passo a passo
entrelaçar mãos que se tocam
a ser ventos cruzados
apenas vento
que leva e traz passageiros mil como eu e tu
vem mas vem na bruma
assim desvanecido no mar
em ondas que toco e trago comigo
a ser mais que ontem e que tudo o que vês
fecha os olhos e sabe
que o mito que acreditas hoje
é sonho de notas musicais que se escoam
em pianos desafinados compassos mil
mas sabe que
venho aqui dizer
te
que sou bruma passageira de ti
enquanto esperas volvi
e quando vieste
demorei
um segundo
dois
suavemente em ti
mãos que se tocam
e ficam
como nuvens de céu limpo
não se vêem
sente a chuva que caiu
e o corpo que foi teu
a alma que não te viu
é agora uma estrela no céu.
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