Véus negros a cobrirem faces ocultas pelos escolhos vibrantes a reluzir ao vento incauto
da memória
afazeres de vidas tramadas em passos e passos repassam glórias
falsas a tombarem fel
e o relógio não pára nos teus segundos de conversas
escassas
zig zags de afãs
lagares vagarosos queimam silêncios a sangrarem
medos
recantos resguardados como tectos falsos
ocos apodrecem rancores
púlpitos vagabundos a pedir esmola
miseros tostões culminares de pedra
corações de gelo derretem ao sol como invasões dos trópicos
...vikings sem glória ou encanto
Véus negros a cobrirem faces
a tua face que grita
lamenta
sustenta
odores indolores que sobrevivem
...e cais sem cair no cais das mentiras que iludem
...e sais sem saires da vida que ocultas
vais como viking sem glória ou encanto
nos miseros tostões de pedra que
sustentas.
...fragilidades em papel de seda constrangem sustos momentâneos na palavra
simplicidades tocadas de nadas
pequenos nadas a serem tudo envolvem púlpitos na demora dos dias
é noite quando te sei
e sei-te de noite como dias inacabados
leio vis logros fúteis escaras a tentarem ser maiores que os sonhos
viragens de trôpegos consensos
queimam sentidos à flor da pele...
...perdeste o caminho feito de sal e pegadas escritas em fuga
na fuga do outro de ti de mim como jogos de cabra-cega fulminados no olhar
olhares razoáveis infames tontos como mãos que se tocam
tocaram a perder de vista
frígidas sensações em brutalidades de real...
...espelho de vultos invisíveis
és foste abraço enlace escape de escapatórias enlouquecidas zonzas afagos suspeitos
galopantes vozes a zunirem ecos
rasgam encantos feitos escolhos flutuantes à beira-rio apodrecidos
contaminados estão os sentidos
contaminados estão
os amantes amigos embarcações à deriva
como fragilidades
simplicidades tocadas de nadas.
...mágicos olhares perpetuam palavras
ritmos dançantes à flor da pele tocam sentidos
magias eleitas ao descalabro errante
suspeitas fulminantes volteiam veraneantes a esquecer abrigos
pedaços de eterno
palpitantes encarnações de sorrisos
fantasia ou realidade pedem-te escolhas em tropeços de candura dizem
fizeram-te escultura em bruto tatuado ao sol da tarde que encadeia razões
pensaste acabam-se as fadas os duendes o amor e o vulto arrepios na pele
e
morrem-te os sentidos a fazerem-se tarde na noite que amanhece em suspiros errantes
...sabias
sabes
mágico é o amor
o olhar o abraço a vida a vulgar tontura que te cerca a sussurar ternuras
o que não se explica aplica-se em cor
de cor fiz-me sal de pegadas em castelos por construir habitados pensamentos
segundos a parar no tempo assaz inolvidável mordaz
o amor tem
tem o gosto do algodão doce da infância a derreter ventos trocados de linhas que se tocam
sabes
sabemos que mágicos olhares perpetuam palavras
que o chão não é o que pisas
o céu não é azul tingido de branco marfim em brincadeiras de cabra-cega
o momento não é apenas um momento
o sentimento de cair sem cair a ser maior que o brilho que te seduz
queimam-te os sentidos
e a chuva seca de odores inanimados gagueja vadia indiscritíveis afagos
dizem
não há magia nem pai natal nem fadas nem duendes nem rotundas a dançar a polka
nem grilos falantes nem amores dilacerantes nem casas de chocolate a serem comidas por inocências
saltam à corda
mas sabes
sabias que tu
sabias que eu
e nós e os outros
aqueles outros
sabes
irmãos de sangue tépido a aquecer ilusões
sem serem vulgares laços de tempestades a unir clarões de brumas a esquecerem verdades
abraçamos causas maiores em sensações de fulgores de passos apressados
...fizeram-nos escultura em bruto tatuado ao sol da tarde que encadeia razões
mas dizem
apenas dizem sem dizer assim como quem sussura baixinho carícias de ocasião
o olhar o abraço a vida a vulgar tontura que te cerca a sussurar ternuras
tem o gosto do algodão doce da infância a derreter ventos trocados de linhas que se tocam a queimar sentidos onde mágicos olhares perpetuam palavras
e tu
e eu
somos amor lançado aos sete ventos em gritos de loucura.