Tuesday, May 31, 2011

...lembras-te?



como um relógio de corda enferrujado
suspira entre os batimentos de segundo a segundo
como quem passa nas masmorras do metropolitano imundo e desgastado pelo tempo
cronómetro que te persegue a rugir sem devassa
escapa-se-me por entre mãos alheias a carne enlaçada enlameada das histórias contadas à beira da lareira nos teus braços

lembras-te do som monocórdico dos minutos a derraparem nas frestas por entre o frio?
...e os carros lá fora em silêncios derramados a explodirem de raiva em cacos desprovidos de paixão?

agora... já parou está a parar queda-se num intuito de ser o que já não é capaz
arrisca pedante o seu status quo sensaborão sem sentido ou intuição
e vem
vem
dá mais um passo
ousa caber neste espaço onde se refez a vontade de ser mais um dia
o relógio de corda empedrado no espaço em ruínas
sem corda
onde a dignidade não finda no segundo em que pára e volta a bater
escuta
lembras-te?

...os segundos das horas mortas gotejam nas paredes de branco negro que pintámos pintei
e...
como quem passa nas masmorras do metropolitano imundo e desgastado pelo tempo
cronómetro que te persegue a rugir sem devassa
escapa-se-me por entre mãos alheias a carne enlaçada enlameada das histórias contadas à beira da lareira nos teus braços.

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