Sunday, January 01, 2012

...quer(er)



Por aqui se tecem as cores do que foram dias de raiva contida em tensões desumanas de humor negro
rasgos de memórias de sonhos guardados sem temor que sustivesse as cinzas perdidas ao vento
embala agora a trôpega escória dos tempos idos
abandonos imperiosos que a prioridade grita na sombra dos dias esquecidos por ti
e queria
eu queria tanto
tanto sorria por querer o sol nas telas com que te esbofeteei sem piedade ou amor
e agora rio
rio em gargalhadas soltas
porque a loucura é um traço longínquo que ressoa em eco
ecos que se eternizam
amenizam os vagares de sombras atordoados na multidão
que se desfaz em becos imundos de obras de arte nas paredes e cheiro a bafio
uniões de segundos em linhas trocadas
como lojas de 24h em vultos de standby

...e queria
eu queria tanto
e tanto queria que não me continha em pranto
tu e o encanto
da chuva nos vidros de carros em chamas a percorrer autoestradas ao céu
e a minha palavra fica aqui
fechada a cadeado debaixo do marfim em forma de corpo
aqui
em mim que te tenho em solidões de agosto à noite

...ecos que se eternizam
amenizam os vagares de sombras atordoados na multidão.



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