Sunday, March 31, 2013

...a noite à noite miosótis de azul

Michiko Takahashi (here)


…e à noite
a noite
cala lentas contendas de rigores de Inverno
encerra minúcias palavras encerra
a noite
à noite seduz olhares
erguem-se ferozes cálidos esgares de prazer
terras desabitadas são
noites
inquietas
em noites
incertas de luares cadentes a bater no peito
ritmos descompassados de memórias deleite
meros lilases acesos de paixão
são ontens descobertos na noite
à noite
noites encerram pilares de vitórias
tropeçam erros contidos mascaram a fome dos dias
 
…mas ontem
em dias acendalhas escondem lirismos
desterram transeuntes vagueando em faltas
isoladas chuvas rugem em compassos
descompassos ritmados no peito
faça chuva
faça sol
roguem ventos roguem mares tumultuosos olvidares
mientras cargas de sorrisos compõem o chão que pisas
pisaste notas de cem resgatadas em pautas de bemóis azuis
miosótis de luares de ti
 
...à noite
há noites de dias vulgares
quedas de dias estonteantes em entretantos de sim
não
talvez à noite
os dias serão
meros lilases acesos de paixão
 
 
 
 

Wednesday, March 13, 2013

...transitoriedade


Imagem partilhada daqui
 
 
Parcos eram os corpos à vassalagem esquecidos
gritam as sobranceiras visões de ontens desfolhados
quedas roucas de vozes agastadas pela razão
meros estandartes a sorrir vãos infortúnios desfeitos
mil braços dados contam memórias
em rigores de inverno à beira da lareira composta reposta em lustres ilustres servos da noite
consórcios reclamam nuances
à chuva caem perdições
mortes lentas do desejo despejam emoções
 
...lá fora ruge o eco de ti
incertas linhas trémulas mãos ardentes
trocas nevoeiros de brio reluzente a contorcer lágrimas ao toque
lá fora és mais
foste dos tais que remordeu fúrias embaladas de sentidos
meros doces amargam gestos cândidos
luares de azul gelam ao frio
estio da sorte ido
foi contigo
em ti
de ti ardem cravos de multidões
apregoam falidos consentimentos
vagos pilares a esmorecer no tempo
reforçam brios em gritos de guerra.
 
A paz é glória esquecida
entregue à onda do esforço escarlate
desvanecem fugas do eu espelhos do outro reflectem medos
tonturas de becos encerram segredos
teus enredos tatuados na pele escritos por dizer
mil le motivs e a realidade
contextos escassos de liberdade
quedam-te os risos e a ambição
foge foge réu de absolvição
rendido ao fogo ardente da vil história
és mais
foste mais
futuros por descobrir
espaços que se encontram iludem
ecos que serão vis escombros gravados na memória.

Friday, March 01, 2013

...velvet


Bruno Pagnanelli


Volúptias de veludo
trepam vulgares capazes fugazes
alvores da consoada
refeitas as malas
falas ecos
miram-te escárnios
de chuva ou sol
faz frio...
E a sorte morre à porta.

...abençoados são os dias do não
ao anoitecer faz-se tarde
e amanhã já não será em vão
senta-te espera
desespera
ostenta figos maduros a apodrecer no chão
na tua mão
mãos que se colhem à revoada
névoas insultuosas
gemem loucas no eco.
Há reflexos a desfolhar
debater
atraiçoar...
engana a sombra de ti
à luz do dia
que é tarde
faz-se tarde neste anoitecer de figuras de estilo
metáforas cantam errares traçados
mil fados de ti tacteiam vozes
caladas
séculos de escuridão gelam odores
e a razão
de ser
sem ser
foram becos de lugar algum
saídas de entradas esconsas
tumultos de iras tónicas
em crónicas de aconteceu...
e as palavras que pecas agora dobram esquinas.

Partem as memórias
ao espelho repartem silêncios.

...mira a vida
troca o palco
de pé descalço fez-se homem.

Cala os dias ao anoitecer
que a vida são volúptias de prazer.